JPP e o cão-bailarina de Kiev

Chegado de Kiev, José Pacheco Pereira explica-nos melhor a sua experiência com o cão-bailarina em cima da sucata de um tanque russo. “O pobre cão tremia de medo…, uma foto engraçada… cena insólita”. Claro que é “cena insólita”, “uma foto engraçada” ver que em Kiev “o pobre cão tremia de medo”.

No caso da Ucrânia o cão com medo tem qualquer coisa de visionário e alegórico, como um mau presságio. Nisto de visões Portugal recorre aos seus “pastorinhos” sempre crentes e inocentes, desta vez até docentes. Os nossos pastorinhos foram a Kiev, predestinados pelos deuses hegemónicos e prepotentes, para lá ver o cão-bailarina. Os incréus, sempre os do costume, “sorriam da cena insólita”. Não percebem nada, é o que é, e os que percebem estão de “má-fé”.

”… a Federação Russa a marchar em Kiev, e provavelmente a matar o cãozinho (…)”, “o ucraniano cão”. “Provavelmente”, diz o pastorinho historiador, totalmente amnésico de outras marchas e outros crimes, bem mais cruéis, sobre humanos, perpetrados por outras federações bem mais sanguinárias.

“Voltando ao contexto, se alargássemos o campo de visão para além do cão-bailarina, estavam milhares” de despojos de guerra. Porque não falar dos mortos em vez dos despojos, “provavelmente” a gritar por justiça, ucranianos traídos pelo seu “ucraniano cão”? “O cão é ucraniano, é um patriota” – atlântico, digo eu. Desses atlânticos que servem caninamente os que acham que é tudo deles.

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